Pimenta
"Esta ardendo Pra C4r4lh0", "Isso queima como o fogo do Inferno", "Socorro, eu quero água", "Porque não me mata de uma vez". Esses são apenas alguns comentários que ouvimos depois que as pessoas comem alguma comida apimentada. Se a pimenta a primeira vista só causa mal, porque gostamos tanto?
Minha humilde opinião é simples: Ela melhora qualquer sabor, desde comidas salgadas até pratos doces.
Agora quando falamos da parte biológica e seus efeitos no metabolismo do corpo humano as coisas acontecem da seguinte forma: quando uma pessoa ingere um alimento apimentado, existem duas substâncias que não possuem qualquer cheiro ou sabor. A capsaicina (encontrada nas nervuras do fruto das pimentas vermelhas) ou a piperina (muito concentrada na pimenta-do-reino, porém presente também nas sementes de diversas espécies de pimentas hortícolas), ambas estimulam os receptores sensíveis existentes na língua e na boca.
Logo que atingidos quimicamente por tais substâncias, esses receptores nervosos transmitem ao cérebro uma mensagem informando que a sua boca estaria sofrendo queimaduras. Imediatamente o cérebro gera uma resposta ordenando ações no sentido de salvá-lo do suposto fogo e, com isso, vários agentes entram em cena para refrescá-lo: a pessoa começa a salivar, sua face transpira e seu nariz fica úmido. Além disso, embora a pimenta não tenha provocado nenhum dano físico real, seu cérebro, enganado pela informação de que sua boca estaria pegando fogo, começa a fabricar endorfinas que permanecem por um bom tempo no seu organismo, provocando uma sensação de bem-estar.
Além da coloração intensa e dos sabores picantes, associados aos caprichos e à sedução, a pimenta historicamente tem sido considerada como um suposto afrodisíaco. Mas tudo isso surpreendentemente pode ter fundamentos razoáveis, uma vez que a capsaicina, ao provocar o aumento dos níveis de endorfina, faz com que o sistema nervoso central responda com uma agradável sensação de prazer e bem-estar, além de elevar a temperatura corporal e ruborizar a face, condições propícias ao afloramento espontâneo da sensualidade.
Depois dessas vamos as principais pimenta encontradas no Brasil.
Pimenta Calabresa: É obtida a partir da desidratação e flocagem da pimenta vermelha. Muito usada na culinária brasileira, principalmente na elaboração de linguiças e outros embutidos, que ficam com um sabor mais picante.
Pimenta Chile: Cultivada pela primeira vez no México, é uma das 150 variedades da malagueta. Usa-se seca, substituindo a pimenta vermelha fresca, mas com moderação, pois seu ardume é intenso, porém saboroso.
Pimenta Habanero: Em forma de lanterna, é uma das mais fortes das pimentas e seu sabor persiste bastante na boca. As cores variam entre amarelo, laranja e vermelho. Originária do Caribe e da costa norte do México, foi a primeira pimenta a ser cultivada pelos Maias. É usada fresca ou seca ou em molhos bem diluída.
Pimenta da Jamaica: Encontra-se em forma de baga, usada preferencialmente moída na hora. Aplica-se bem em conservas, marinadas, carnes de caça, charcutaria, doces, tortas e pudins, devido ao seu sabor pouco picante e ligeiramente adocicado.
Pimenta de Cheiro: Esta é uma das duas principais pimentas usadas na culinária brasileira. Conhecida também como pimenta bode, típica da culinária baiana e nordestina.
Pimenta do Reino: É a baga de uma trepadeira, cultivada nas regiões norte e nordeste do Brasil. É considerada a rainha das especiarias. Pode ser usada inteira ou moída na hora. É encontrada nas variedades branca, preta ou verde.
Pimenta Caiena: É uma variedade da malagueta. Além de saborosa, é uma pimenta que concentra a maior quantidade de vitaminas. Em pó, é usada em pratos que pedem um sabor mais picante.
Pimenta Cumari: Pimenta verde pequena, muito picante e ligeiramente amarga, vendida fresca e em conserva. É brasileira nativa, mas pode ser encontrada também na Itália.
Pimenta Jalapeno: Pequena pimenta de sabor picante e coloração verde ou vermelha quando madura, sendo amplamente utilizada na culinária mexicana. Esta pimenta é muito popular não só pelo seu sabor, mas também pela facilidade com que suas sementes são removidas.
Pimenta Malagueta: Ideal para feijoada. Altamente picante, é uma das mais populares no país, medindo de 2 a 3 cm de comprimento.
Pimenta Dedo-de-moça: Mais suave que a malagueta e ligeiramente mais picante que a jalapeno, é também bastante difundida no Brasil. Presta-se a uma grande variedade de pratos. Saborosa, integra molhos e acompanha peixes.
Pimenta Síria: Usada para condimentar pratos da culinária árabe, como carne de esfirra, quibe, recheio de charuto, legumes, entre outros. Na realidade a pimenta Síria não é uma pimenta e sim um tempero composto por pimenta-do-reino, pimenta-da-jamaica, canela, cravo e noz-moscada moídos juntos.
Agora o que todos devem estar pensando é: Qual é a pimenta mais Rock’n’Roll do Mundo (ardida)?
Como a Pimenta possui muitas sementes, elas são muito fáceis de serem manipuladas e modificadas, então todos os dias aparece uma pimenta com maior ardência que a outra. Porem podemos colocar no pódio as pimentas desenvolvidas a partir das famosas “Trinidad Scorpion Moruga”, é uma variedade de pimenta da espécie Capsicum chinense natural do distrito de Moruga em Trinidad e Tobago. É atualmente (2015) a pimenta mais picante do mundo.
Agora que você já sabe um pouco mais sobre pimentas escolha a que melhor combina com sua receita e divirta-se.